Eduardo Boheme, mestre em tradução literária pela Trinity College, discute no texto sobre a crítica literária e os aspectos de tradução de J. R. R. Tolkien. Texto muito esclarecedor sobre como as traduções devem ser analisadas.
Por Eduardo Boheme
É curioso que a fama (não a importância) do Tolkien tradutor tenha vindo do Tolkien pseudotradutor: se hoje suas traduções de poemas medievais são lidas e ansiosamente aguardadas por um público bem amplo, isso deve muito à pseudotradução de O Hobbit e O Senhor dos Anéis.
Em 1975, duas décadas após a publicação de sua obra-prima, Christopher Tolkien trouxe à luz as versões modernas que seu pai produzira dos poemas em inglês médio Sir Gawain and the Green Knight, Pearl e Sir Orfeo. Apesar do peso e das associações que o nome “Tolkien” carrega, essas traduções gozam de autonomia acadêmica, isto é, os entendidos conseguem separá-las saudavelmente da obra ficcional do autor e avaliá-las de forma independente.
Quando se pôs a traduzi-los, Tolkien tinha plena consciência do desafio imposto pela complexidade formal desses poemas, particularmente Pearl. Uma tarefa formidável, sem dúvidas: “[…] um…
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